sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Um Veneno Bom

Por mais que o chão se abra sob meus pés,
não me importarei com o silêncio, nem com a falta de luz.
Já fui espantalho em desertos;
Já garimpei lama, em vão;
P'ra te encontrar.
E nada pode ser pior,
nem mesmo o céu a desabar sobre a minha cabeça;
Enquanto você vem me procurar,
somente quando não tem nada a perder;
Com o poder de causar ou fazer parar a dor;
Me oferecendo o antídoto venenoso da tua atenção momentânea;
Drenando de mim toda e qualquer palavra que você queira ouvir;
De riso sarcástico e olhar desdenhoso;
Tendo-me, sem fazer-se parte.
Sou obrigado a sobreviver à todas as vezes
que você destrói meu mundo.
No silêncio e na escuridão;
Sem a luz da tua ausência.
Nem sei mais como começamos,
mas não consigo querer fazer parar.

Foto: Gustavo Almeida

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