quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Mesma Ferida

Foram muitas, as respostas que encontrei em você;
Para o bem, para o mal, para o nada;
O sutil desencontro com o rancor;
Preservado no silêncio que costumava explicar tudo.
Dois rios correndo lado a lado;
Nutrindo-se da mesma chuva;
Usando o vento para construir entre si,
um relevo intransponível.
Secando, antes de desaguar.
Celebramos nosso funeral com honras e sorrisos;
Duas mãos, uma pena, fazendo o mesmo ponto final.
Nos mantivemos leais em consciência;
Concordando com a morte para um futuro reflorescer,
em lugares diferentes,
com novas terras a experimentar.
Nos cercando de novos mundos;
A permitir que novas impressões nos atinjam;
Nos envolvam, nos completem e nos machuquem...
E assim lembramos que será a mesma ferida,
que sangrará para sempre.

Modelo: Ana

Sem Vida

Cinzas não queimam;
O fogo por si só, tentando arrancar o que não há mais em mim;
Em estado de pó, morto e já enterrado,
obrigado a ainda caminhar;
Não sendo capaz de sentir a grama nos pés.
Não há redenção, como não houve motivo;
Apenas ouvidos que se negaram a compreender;
Que preferiram um cinismo leviano à uma tormenta digna.
Uma mão que preferiu cobrir com terra,
à abrir as janelas...  e os olhos.
Mas morte é morte, e pouco importam os meios.
Tudo leva ao inanimado e à certeza do final;
Da inexistência de braços a te segurar na pior queda.
Claro que nunca foi o que poderia me bastar;
Uma dança que não deu certo;
Assassinada e condenada ao passado pelo último acorde,
que preenchendo o salão, soou longo e vagarosamente.
Quando ninguém mais se dava a ouvi-lo;
Uma nota moribunda, se dando à certeza de seu final iminente;
Deixando-se queimar pelo espaço que preenche e definha;
Voltando ao nada, inanimado e silencioso;
Sem eco, apenas cinzas.

Modelo: Bruna