quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Minha Gratidão

Me é inesperada, essa súbita covardia;
Experimentar alguns breves momentos em que a calmaria me foge;
Uma deliciosa incerteza que me remete à fragilidade;
Por muito tempo, a mantive adormecida, até esquecer.
Agora, mesmo que facilmente transponível,
me deixa curioso em decifrar o que há em você.
Talvez seja meramente o abismo que separa nossos mundos;
Talvez o caos pontual, porém generalizado, que me atinge exatamente nestes dias;
E talvez jamais saberei se foi você que trouxe consigo a ventania;
Ou se és apenas mais uma folha seca que caiu na minha varanda,
após se desprender de um galho fraco.
A meu cargo está decidir,
entre te varrer para a rua,
ou guardá-la e assistir o seu esvaecer.
Creio ser o caos já mencionado, o motivo de eu te manter por perto;
Não como uma distração, mas como uma forma de equilibrar algumas sensações;
Como a fragilidade, recém despertada, tomando o lugar da frieza;
Presente, absoluta e oficial de seu posto.
Lhe sou grato por isso;
Como sou grato pelo sangue,
que insiste em continuar correndo pelas minhas veias.

Photo: Vitor Costa

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Sua Escolha

...e você providenciou a sua partida.
Fez bem em não pedir minha opinião;
Nem mesmo consigo imaginar-me equilibrando opções;
Não houve/há ternura.
É certo que me foi servido um prato mal feito;
Sem cuidado nem apreço algum;
Não que tenha importância;
O descrédito tem lá as suas vantagens,
como demonstrar que a linha terminará em breve;
E assim pude saltar sem o desespero da urgência.
Pude me retirar em tempo;
E pude observar a sua escolha de ir até o final,
se deliciar com o resultado de conseguir alçar voo
ou sucumbir ao abismo.
O final também pouco importa;
Qualquer que fosse, seria digno dos meus aplausos.
E foi.
Sou grato pela viagem;
Curta e veloz como uma antiga canção do Elvis;
Quase me iludi ao supor que pudéssemos talvez,
parar em algum paraíso pelo caminho.
Mas não.
Eu a deixei lá;
Nas profundezas da sua própria escolha.

Photo: Unknown