sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Sobreviva(se)

O momento chegou.
Você deixou-se tomar pela ira e fez dela,
o meu flagelo.
Fomos sinceros como nunca havíamos sido;
Não tive saídas a te oferecer.
Você, encolhida, não me permitiu pena;
Sequer compaixão.
Suplicou por uma crueldade que seria como álcool nas tuas feridas.
E você sobreviveu.
Gritou, debateu-se... e suportou a dor bravamente.
Não necessita mais dos meus dedos,
nem da minha língua adentrando o teu mundo.
Tornou-se sua, e só.
Recompôs-se, reergueu-se.
Aniquilou as minhas memórias da forma que determinou ser mais eficaz.
Escolheu por si só a liberdade dos sentidos... e da carne.
Doou-se e teve-se de volta.
Orgulhou-se das lágrimas derramadas e fez delas um troféu;
Venceu-se.
Agora, percebe que não havia saída melhor do que nenhuma;
Nenhuma saída.
Sufocou tudo em si;
E por isso, agora, tens tudo.

Modelo: Angélica

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