sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pregado

Nos formamos através de pedaços recolhidos com o passar do tempo;
Juntando partes que nem se encaixavam tão bem,
mas nós as sustentamos.
Não é a perfeição que nos move,
mas os espaços que nos permitem vazar as partes nossas que preferimos abandonar.
No final, nos reencontramos no calor e nos arrepios;
E tudo fica bem...  até esse bem nos enjoar.
Nos fazer explodir tudo mais algumas vezes,
apenas para nos destruir um pouco mais.
Frente a frente;
Com uma das mãos pregada na cruz;
A outra estendida, segurando a tua;
De leve, e se desvencilhando à medida que o passo muda;
Até você decidir correr,
e eu, preferir manter-me parado.
Pregado.

Foto: Desconhecido

2 comentários:

  1. Impactante como um trator de esteiras. Das ilusões nada fica, depois de lê-lo. Sem esperanças.
    Muito bom!

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    1. Obrigado Dave.
      Vejo a esperança como uma tortura implícita e muitas vezes, ignorada.

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