terça-feira, 15 de abril de 2014

Acordar

Queria eu poder aprisionar a sensação,
Do acordar conjunto, plural, quase coletivo;
Fazer minha a luz que entra e aos meus olhos, te reflete.
Tornar o irremediável, irrelevante e estático;
Sendo feito daquilo que te forma, e que te torna...  tu.
Levar meus dedos, minha língua, a passear pelo teu relevo.
Nossos sentidos domados pelo álcool, afundados em suor e fumaça;
Nos alimentando das horas, dos dias, sem notar.
A transcendência dos sonhos esmagados, cuspidos;
Patéticos somos, a gritar e a sorrir;
A sangrar.
Queria eu aprisionar o efeito,
Dos teus traços combinados, com a respiração ofegante;
Das palavras sem sentido;
Expressadas às paredes, aos lençóis;
Em meio a música alta, o vento na janela, as folhas derrubadas.
Tendo isso comigo, me sinto menos eu, menos o meu mundo;
Mais invadido, que invasor;
Mais faminto, que doador;
Mais confuso, que instrutor.
Queria eu aprisionar você;
Para usar teu corpo,
Quando o meu, não mais me apetecer.


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