sexta-feira, 6 de abril de 2012

Nada mais, de Mim

Se dar demais é deveras um erro;
De todos, creio ser o mais inoportuno.
Não me chame de volta;
Este é o lugar onde não devo estar;
Não devo me permitir ir até aí.
Por ter me alimentado tanto de você;
Dei à ti tudo o que fui, e mais;
Me envenenei consumindo-te;
Me entreguei ao gosto amargo,
Insensível à tudo.
Enquanto isso, você me preenchia com uma falsa paz;
Enchia minhas veias com sonhos frágeis...  frágeis demais!
Segurando minha cabeça em delírios e afagos;
Com olhos calmos e beijos levianos;
Carregando-me...
Peguei demais de você para mim.
Não percebi que era eu quem se entregava;
Não percebi meus restos fluindo para você.
E você, em sua fome voraz, não permitiu sobrar nada;
Nada de mim.

Foto: José Magalhães

4 comentários:

  1. Às vezes me pergunto se o "se dar demais" é realmente um erro. Não consigo imaginar uma relação pelas "metades". Viver o outro e para o outro, permitir que gestos, palavras, hábitos e costumes sejam apropriados, com muito amor...carinho e respeito. O problema é quando o outro resolve partir. Fica aquele vazio que ninguém dá jeito. Nada resolve.

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  2. "Sentir primeiro, pensar depois". Guardar pra si, trocar depois. A intensidade varia de acordo com a recíproca. Mas até chegar nesta equação, também sangrei bastante.

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  3. Em todas as suas palavras, me encontro.

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  4. Não me arrependo de me entregar... Mas compreendo tão bem a sensação frustrante de saber que dei tudo de mim e continuam a pedir mais

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