quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Manhã Esquecida

A hesitação não me é inerente;
Tampouco o receio, ou o tremor no dedo antes de puxar o gatilho;
Sou a soma das diferenças do teu mundo;
O que você desconhece e de certa forma, anseia.
O tédio nos desregula;
Nos torna frios e ainda, empoeirados.
Aguardamos um acaso voraz, que nos aponte outra direção;
Uma que seja digna de nossos reinos todos e inteiros;
Entregamos.
Entre promessas cumpridas e promessas esquecidas;
Rolamos terra abaixo, olhando um céu ausente da memória;
Nas horas modernas atravessadas depressa e sem respirar;
Sem palavras doces por falta de tempo;
Corro para ti e te envolvo,
num abraço frio e vazio;
Mas suficiente.
Não há necessidade maior do que a vontade;
E essa vontade simplesmente, se faz escassa.
Nosso final feliz se dissolve nesta escassez;
De hoje, apenas.
Amanhã, não haverá falta que se faça notar.
Não haverá sequer, amanhã.

Photo: Manuel Galrinho

2 comentários:

  1. Texto magnifico!!!

    Adorei o seu blog e já estou a seguir :)

    beijos,
    Daniela RC
    Blog: Doce Sonhadora

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    Respostas
    1. Muito obrigado por ler, Daniela.
      Gostei do seu também.

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