terça-feira, 24 de setembro de 2013

Linda Mentira

Nem devasso o bastante para ser sábio;
Nem ponderado o bastante para não ser sincero;
Me cubro de ferro e pedras;
Construo um casulo que me serve de prisão.
A beleza lânguida se resume em memória.
Transbordam dissonantes palavras frente a contraditórias ações;
O filme já visto, em traduções diferentes;
A mesma piada, de tom sem graça e risos forçados.
Sempre encontro o que busco;
Mas é raro gostar do que vejo ao levantar o véu;
Ao viver uma verdade abominável,
ou ao me encantar com uma mentira mundana;
De finos tratos, dissimulados olhares e um toque frio;
Mas cultivada sempre com ardor e pureza,
nos breves instantes que se faz relevante;
A surgir e a esmorecer por muitas vezes;
Sempre a fazer sorrir e sangrar,
conforme seu propósito natural.
Traz consigo uma dose de devassidão, outra de sabedoria;
Nunca bebo de ambas.
Mas está lá, ao meu dispor;
A iluminar e a escurecer;
Não só a mim, mas à quem melhor e pior lhe convir.

Modelo: Ana

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