Bebo.
Uma forma eficaz para se lidar com demônios;
Uma maneira de suicidar-se poupando a carne;
Uma fuga, um encontro, um desconhecido "eu" que se mostra,
para ser esquecido na manhã seguinte;
Um reflexo, que não se vê.
Te vejo turva e liquefeita;
A preencher-me a língua e entre os dentes;
A me consumir em sangue, saliva e pólvora;
A me engolir, vagarosamente.
Me dedico à ti, sem ressalvas nem galanteios baratos;
Te percorro inteira, entre os dedos,
entre as pernas, da nuca ao tornozelo;
Te ouço, te olho, te cheiro, te como;
Te sonho.
E a devorar-me, abandona-me;
Me joga aos leões e apontando o dedo,
ri de mim.
Me cospe, me regurgita e de mim, se livra;
Risca meu nome, busca outro;
E assim me condena,
a voltar a beber sozinho.