sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Nada Mais

Mesmo o ar a sufocar-me;
Mesmo a fome a corroer-me;
Sinto-te, de alguma forma, ao meu redor.
Não me trazes nada;
Não me representas nada...
a não ser uma fatídica expectativa.
Eis meu carrasco: uma expectativa.
Não sou daqui, nem jamais serei;
Venho à ti por uma assombrosa empatia;
Um misto de mistério com diversão,
que se mostra curiosamente lascivo.
Uma pena.
Uma pena tudo que abri mão, por uma incerteza insana;
Que agora (neste momento) me leva ao torpor;
À mais desleixada das decisões mundanas:
Me leva à perda da razão e dos sentidos;
Quanto mais feres, mais mulher te tornas;
Quanto mais sangue jorrar da mesmíssima ferida, 
sei bem eu,
mais te realizas.
Pois é o teu vazio que se vê preenchido;
As tuas lágrimas inatas encontram em mim, um motivo;
Uma bengala onde se apoiarem. 
És espuma da água que quando seca vira pó,
nada mais.
Nada mais.

Foto: Matt Palumbo

Um comentário:

  1. É, toda beleza tem sua parcela de dor. E quanto mais aberta a ferida, tanto mais inspiração.

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