A hesitação não me é inerente;
Tampouco o receio, ou o tremor no dedo antes de puxar o gatilho;
Sou a soma das diferenças do teu mundo;
O que você desconhece e de certa forma, anseia.
O tédio nos desregula;
Nos torna frios e ainda, empoeirados.
Aguardamos um acaso voraz, que nos aponte outra direção;
Uma que seja digna de nossos reinos todos e inteiros;
Entregamos.
Entre promessas cumpridas e promessas esquecidas;
Rolamos terra abaixo, olhando um céu ausente da memória;
Nas horas modernas atravessadas depressa e sem respirar;
Sem palavras doces por falta de tempo;
Corro para ti e te envolvo,
num abraço frio e vazio;
Mas suficiente.
Não há necessidade maior do que a vontade;
E essa vontade simplesmente, se faz escassa.
Nosso final feliz se dissolve nesta escassez;
De hoje, apenas.
Amanhã, não haverá falta que se faça notar.
Não haverá sequer, amanhã.
Photo: Manuel Galrinho