quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sem Vida

Cinzas não queimam;
O fogo por si só, tentando arrancar o que não há mais em mim;
Em estado de pó, morto e já enterrado,
obrigado a ainda caminhar;
Não sendo capaz de sentir a grama nos pés.
Não há redenção, como não houve motivo;
Apenas ouvidos que se negaram a compreender;
Que preferiram um cinismo leviano à uma tormenta digna.
Uma mão que preferiu cobrir com terra,
à abrir as janelas...  e os olhos.
Mas morte é morte, e pouco importam os meios.
Tudo leva ao inanimado e à certeza do final;
Da inexistência de braços a te segurar na pior queda.
Claro que nunca foi o que poderia me bastar;
Uma dança que não deu certo;
Assassinada e condenada ao passado pelo último acorde,
que preenchendo o salão, soou longo e vagarosamente.
Quando ninguém mais se dava a ouvi-lo;
Uma nota moribunda, se dando à certeza de seu final iminente;
Deixando-se queimar pelo espaço que preenche e definha;
Voltando ao nada, inanimado e silencioso;
Sem eco, apenas cinzas.

Modelo: Bruna

2 comentários:

  1. É indescritível a maneira como poucas palavras nos deixam um enorme significado. A forma como age na nossa mente, nos transportando para outros lugares. Parabéns poeta e Sucesso!

    sessentaenovecontossecretos.blogspot.com
    [+++++18]

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