Não sei se “amadurecer” seja o termo correto;
Apenas que o tempo fez com que eu suportasse menos as minhas
discrições;
Talvez tenha se tornado um vício perseguir as minhas
verdades,
Através da exposição das minhas mentiras.
Algumas com o intuito de afagar quem me rodeia com
impressões ternas e agradáveis;
Outras propositalmente, por algum motivo perverso qualquer;
Outras por pura vaidade.
Já as indiscrições fazem de mim uma peça oca;
Destroem todo o mistério que desperta o interesse.
A verdade é que não há explicação plausível que se faça
necessária.
Sou verdades e sou mentiras... Me orgulho mais das últimas.
“Verdades sempre me fazem morrer”, já dizia um escritor.
E à medida que me proponho a despir-me das minhas mentiras,
Esqueço-me do quão vulnerável me torno, o quão fácil se
torna devorar-me.
Acordo tarde; arrependo-me...
E passo a odiar o amadurecimento que o passar dos anos me
rendeu.
Foto: Branco da Costa
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