Sabendo que não viveria pra sempre,
ela nunca se preocupou em viver para alguém;
Queria mesmo era inundar-se de si,
como paixões inundam-se de coxas firmes e seios fartos;
O álcool deixando sempre um sorriso nos lábios,
um gosto amargo que fazia bem.
Eu a observei atravessar dias escuros, sob um sol escaldante;
A vi recusando todos os braços que se estendiam oferecendo conforto...
ou demagogia.
Ela, agarrada à ideia de ser tudo para si, blindou-se;
Eu a observei negativando-se para o mundo;
Arrastando-se para fora dos escombros de uma guerra que não era sua,
sem ressentir os mortos que ficavam para trás.
Eu a observei trocar de pele, de vontades e de planos;
Munindo-se de veneno, beleza e crueldade;
Rindo do próprio ódio, enquanto lambia as suas feridas,
que ela fazia questão de manter bem abertas.
que ela fazia questão de manter bem abertas.
Foto: Carla Maio