terça-feira, 28 de abril de 2015

Eu Sei e Imagino

Eu sei que há dias em que você acorda,
imaginando-se em outro lugar, onde poderia estar.
Eu sei que você revive em pensamento,
todas as escolhas impostas, as decisões que te obrigaram a tomar.
Eu sei das tuas dúvidas;
Do eco da hesitação que ainda te aflige;
Do desespero momentâneo sentido tantas vezes,
como o fôlego tomado antes do mergulho.
Eu sei que o tempo é o seu carrasco,
que te executa sem dar ouvidos ao teu clamor;
E eu sei que você clama...
Por desejar a certeza de ter escolhido a melhor estrada,
dentre tantas encruzilhadas que você encontrou...  e passou;
De tantos caminhos que você abriu mão.
Eu sei que você não se deixa cair;
E sei do preço que você paga por isso.
Eu sei também das tuas glórias,
Do quanto valeu a pena ter seguido sem olhar pra trás;
Sem ver os corpos caídos de quem não foi capaz de te acompanhar.
Eu sei da tua sorte.
E eu sei da minha dor,
de nunca ter escolhido um caminho que me levasse a te encontrar.
Eu sei do preço que pago, sem nunca ter sido cobrado;
De não ter vivido contigo;
De não saber, mas imaginar, que talvez, você possa sim,
existir.

Foto: Pedro Albuqeurque

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Não Fique

Me livro dos padrões;
Saltando em queda livre para abraçar algum impacto;
Em busca de um lugar para aprisionar as lembranças;
Exalando a raiva em forma de suor;
Escolhendo amigos pela graduação alcoólica;
Perdendo dinheiro...  e a cabeça.
Sem cogitar uma nova tentativa;
Nem mesmo enfraquecendo pela nociva lembrança;
Mantendo as ruínas do mundo presas do lado de fora.
Não espero, nem peço para esperar;
Nem ligar, nem crescer, nem mesmo cair do céu;
Nem ficar.
Entretanto, você permanece comigo;
Nesta maravilhosa lembrança,
Que me faz tão mal.

Modelo: Renata


segunda-feira, 6 de abril de 2015

O Silêncio do Final

Não falo sobre as verdades da vida de forma profunda;
Ao invés, eu as vivo;
Tenho dado minha carne às lâminas mais afiadas que encontrei pelo caminho;
Às mãos mais ásperas.
Busquei desviar da insensibilidade;
Às vezes sem sucesso;
Vi-me obrigado a buscar uma anestesia em mentiras levianas;
Desviando de olhares e me esquivando de promessas.
Não quis, nunca.
Nem sequer possuo quem testemunhe a meu favor;
Aceitei as sentenças e cumpri a pena de cada uma delas.
Não tenho dívidas.
Olhando por cima do ombro, vejo histórias interrompidas,
olhares baixos e lábios trêmulos;
Silêncios transformados em pontos finais.
Assim como eu, um personagem esvaecido;
Um silêncio súbito colocado em histórias sem final.

Foto: Pixel Eye